Texto 1
“Ele era o inimigo do
rei”, nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que
colecionava desafetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”.
Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guarani e
Iracema, tido como o pai do romance no Brasil. Além de criar clássicos da
literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi
também folhetinista, diretor de jornal, autor de peças de teatro, advogado,
deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das
múltiplas facetas desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito
será digitalizada.
História Viva, n. 99,
2011.
1. Com base no texto,
que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura digitalização de sua
obra, depreende-se que
A) a digitalização dos
textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances.
B) o conhecido autor de
O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária com
temática atemporal.
C) a divulgação das
obras de José de Alencar, por meio da digitalização, demonstra sua importância
para a história do Brasil Imperial.
D) a digitalização dos
textos de José de Alencar terá importante papel na preservação da memória linguística
e da identidade nacional.
E) o grande romancista
José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática indianista.
2.
eu gostava muito de
passeá... saí com as minhas colegas... brincá na porta di casa di vôlei... andá
de patins... bicicleta... quando eu levava um tombo ou outro... eu era a::... a
palhaça da turma.., ((risos))... eu acho que foi uma das fases mais... assim...
gostosas da minha vida foi... essa fase de quinze... dos meus treze aos
dezessete anos...
A.P.S., sexo feminino,
38 anos, nível de ensino fundamental.
Projeto Fala Goiana, UFG, 2010 (inédito).
Um aspecto da
composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como
modalidade falada da língua é
A) predomínio de
linguagem informal entrecortada por pausas.
B) vocabulário regional
desconhecido em outras variedades do português.
C) realização do plural
conforme as regras da tradição gramatical.
D) ausência de
elementos promotores de coesão entre os eventos narrados.
E) presença de frases incompreensíveis
a um leitor iniciante.
3.
Aqui é o país do
futebol
Brasil está vazio na
tarde de domingo, né?
Olha o sambão, aqui é o
país do futebol
[...]
No fundo desse país
Ao longo das avenidas
Nos campos de terra e
grama
Brasil só é futebol
Nesses noventa minutos
De emoção e alegria
Esqueço a casa e o
trabalho
A vida fica lá fora
Dinheiro fica lá fora
A cama fica lá fora
A mesa fica lá fora
Salário fica lá fora
A fome fica lá fora
A comida fica lá fora
A vida fica lá fora
E tudo fica lá fora
SIMONAL, W. Aqui é o país do futebol. Disponível
em: www.vagalume.com.br. Acesso em: 27 out. 2011 (fragmento).
Na letra da canção Aqui
é o país do futebol, de Wilson Simonal, o futebol, como elemento da cultura
corporal de movimento e expressão da tradição nacional, é apresentado de forma
crítica e emancipada devido ao fato de
A) reforçar a relação
entre o esporte futebol e o samba.
B) ser apresentado como
uma atividade de lazer.
C) ser identificado com
a alegria da população brasileira.
D) promover a reflexão
sobre a alienação provocada pelo futebol.
E) ser associado ao
desenvolvimento do país.
4.
Aquele bêbado
__ Juro nunca mais
beber - e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: __ Álcool.
O mais ele achou que
podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana.
Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia
Reclinada, de Celso Antônio.
__ Curou-se 100% do
vício - comentavam os amigos.
Só ele sabia que andava
mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma
carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de
ex-alcoólatras anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record,
1991.
A causa mortis do
personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto
porque, ao longo da narrativa, ocorre uma
A) metaforização do
sentido literal do verbo “beber”.
B) aproximação
exagerada da estética abstracionista.
C) apresentação
gradativa da coloquialidade da linguagem.
D) exploração
hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
E) citação aleatória de
nomes de diferentes artistas.
5.
O trovador
Sentimentos em mim do
asperamente
dos homens das
primeiras eras...
As primaveras do
sarcasmo
intermitentemente no
meu coração arlequinal...
Intermitentemente...
Outras vezes é um
doente, um frio
na minha alma doente
como um longo som redondo...
Cantabona! Cantabona!
Dlorom...
Sou um tupi tangendo um
alaúde!
ANDRADE, M. In: MANFIO,
D. Z. (Org.) Poesias
completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
Cara ao Modernismo, a
questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de
Andrade. Em O trovador, esse aspecto é
A) abordado
subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando
o carnaval, remete à brasilidade.
B) verificado já no
título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade
em suas viagens e pesquisas folclóricas.
C) lamentado pelo eu lírico,
tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1),
“frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom”
(v. 9).
D) problematizado na
oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional
que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.
E) exaltado pelo eu
lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o
orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.
GABARITO
1-D ; 2- A ; 3- D ; 4-A ; 5- D
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